sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Musculação não é Funilaria...

...nem "martelinho de ouro".

Olá leitores e leitoras, tudo bem?

"Funileiro":
"Funileiro ou bate-chapa é o profissional metalúrgico que trabalha com a confecção de peças em folha-de-flandres. [...] O nome remete à fabricação de peças moldadas a partir de chapas metálicas, como componentes de alambiques. Por extensão, o termo passou a designar modernamente o responsável pela reparação das partes de chapa dos veículos da indústria automobilística. Em algumas regiões do Brasil o profissional que exerce esta atividade é conhecido como lanterneiro, designação dada no século XVIII aos fabricantes de lanternas para iluminação de casas, ruas e navios. Nesta atividade o profissional confecciona e repara chapas metálicas, riscando, moldando a frio, cortando, rebitando ou furando metais, para possibilitar a utilização desses, ou seja, ele risca chapas, baseando-se em desenhos ou especificações, confeccionando as peças de acordo com o planejamento. Para isto, o funileiro trabalha a chapa aplicando golpes com martelo ou outros processos, dando-lhe a forma esperada."

Pois bem pessoal... Tenho certeza de que muitos vão se identificar com as informações das próximas linhas, praticantes e colegas educadores físicos.

Ao ingressarmos em uma academia, normalmente agendamos uma avaliação física (ou pelo menos deveríamos cumprir esta etapa). É neste momento que o professor vai conhecer o indivíduo que está iniciando os treinos naquele espaço: ele pode ser sedentário ou não; gostar ou não de exercícios, pode ter alguma lesão instalada ou não, dores, doenças, etc, etc, etc. A avaliação física vai permitir que o professor conheça o histórico do novo cliente, histórico de saúde, de atividade física ou falta dela e também conhecer os OBJETIVOS desta pessoa. E é exatamente neste ponto que começamos nossa "reflexão"...

"E, quais são os seus objetivos?", pergunta o professor...


Respostas, normalmente, femininas:
- "quero secar a barriga"
- "quero aumentar o bumbum"
- "quero empinar o bumbum"
- "quero engrossar as coxas"
- "tenho os ombros muito largos, dá pra diminuir?"
- "queria afinar meus braços, acho eles muito gordinhos"
- "não gosto meu quadril, queria afinar um pouco..."
- "não quero pegar muito peso nos braços, porque braço eu ganho fácil." (essa é campeã!)
- "já disse que quero engrossar as coxas?"
- "ah, e também quero aumentar o bumbum"

Respostas, normalmente, masculinas:
- "quero secar a barriga"
- "queria ganhar um pouco mais de massa aqui nessa região (indicando a região de peitorais e ombros)"
- "queria um exercício que aumentasse aqui ó, pra juntar um músculo com o outro (indicando a região do osso esterno, no meio da musculatura peitoral)"
- "quero ganhar um pouco mais de braço"
- "queria mais definição nessa região aqui (tronco, peitorais e braços)"
- "queria um exercício que aumentasse aqui, pra tirar esse buraco (indicando o espaço onde se localiza o tendão do bíceps braquial, próximo ao cotovelo)"
(pulando as coxas...)
- "queria um pouco de panturrilhas, mas aí é genética né? Bom, se der pra crescer um pouco, eu quero"
* "perna eu já treino quando subo as escadas lá do prédio... Moro no 1º."

Juro que não inventei NENHUMA destas respostas. Em algum momento, ouvi na sala de avaliação física, cada uma delas!

Percebem como nós, professores, somos enxergados como "funileiros do corpo humano"???

NOTA: Profissão que admiro e respeito, por saber do empenho, estudo e dedicação do profissional desta área. Que tem o "poder" de dar forma aos objetos citados no início da postagem.

A comparação com as profissões nos serve pra dizer que, felizmente ou infelizmente, o profissional de Educação Física não tem o poder de dar a forma que muitos desejam. A forma das partes do nosso corpo é definida GENETICAMENTE. Muitas vezes brinco com clientes ou colegas de trabalho que poderíamos pedir para que todas as pessoas trouxessem, para o dia da avaliação física, uma foto dos pais e avós. Com os retratos em mãos teríamos "argumentos" para explicar "olha, tá vendo na foto, isso dá...isso não dá...".

Somos o resultado genético da união de nossos pais e avós. O tamanho de nossos braços, grossura das coxas, largura dos ombros, formato e tamanho dos glúteos: para visualizarmos até onde podemos chegar, precisamos observar o pessoal de casa!

Sabemos que, a Musculação aumenta a massa muscular e a dieta adequada (além de ser fundamental neste aumento) vai ajudar a DEFINIR a musculatura (como já conversamos aqui no blog, em Março/2011 sobre Definição Muscularhttp://csapucaia.blogspot.com.br/2011/03/definicao-muscular-como-e-pra-que.html ). É claro que, se nossos parentes nunca treinaram e nós treinarmos, seremos "diferentes", até certo ponto. Mas, o que precisamos entender é que, temos POTENCIAIS GENÉTICOS e LIMITES GENÉTICOS"

Vale ressaltar: NÃO DEVEMOS CULPAR A GENÉTICA ANTES DE TENTAR DIVERSAS ESTRATÉGIAS DE TREINO, muito menos tirar conclusões em um curto espaço de tempo; sabemos que precisamos de TEMPO para que a genética se manifeste e para que ocorram os processos fisiológicos naturais. Muitos clientes, por exemplo, culpam a genética por não terem panturrilhas grossas. E quando são questionados "Mas você treina as panturrilhas? - Às vezes, quando sobra um tempinho...".

Aproveitando: exercício abdominal não "tira barriga"! Quem faz isso é a dieta.

O recado é: VAMOS TREINAR! Treinar com frequência, comer adequadamente e dormir o suficiente! Vamos fazer isso sempre!!! E só depois, de um bom tempo, vamos ver o que a GENÉTICA nos reservou. E vamos ficar felizes com o resultado, seja ele qual for, pois, mesmo que não consigamos ficar com aquele glúteo da moça da TV, ou com os braços do cara da revista, teremos a certeza de que da saúde nós cuidamos!

Espero que tenham gostado. Dúvidas, sugestões, reclamações, críticas: TUDO É BEM VINDO! Vamos conversar, discutir, discordar e concordar. E, se puderem, chamem mais pessoas para fazer isso também.

Grande abraço,
Carlos Henrique Costa Sapucaia